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quarta-feira, 4 de março de 2009

PRODUÇÃO DE TEXTOS 1 - TÉCNICAS PARA UMA BOA REDAÇÃO

Tatiane Santana

1 - Técnicas para uma boa Redação

1.1 - Escrever nem sempre é fácil
Muitas pessoas têm extrema dificuldade para fazer redações. Elas se dizem sem inspiração, sem ideias. Não sabem nem por onde começar. Dizem que escrever é um dom, que não é pra qualquer um. Mas será que todos os bons escritores sempre escreveram bem? Será que não há uma forma de treinar e melhorar a forma de redigir textos?

É claro que muitos têm mais facilidade para escrever. As pessoas costumam chamar isso de dom natural. E esse dom pode se manifestar em várias áreas: música, teatro, esporte, dança, matemática, informática etc. Mas nem todas as pessoas que são destaques em suas áreas nasceram com esse dom. Muitas podem atribuir seu sucesso ao desenvolvimento de habilidades através do aprendizado de técnicas e o treino constante.

Assim, se você é uma dessas pessoas que acham que não têm o dom, mas que têm a necessidade de escrever bem, é hora de pagar o preço. O preço é se dedicar a aprender certas técnicas e, principalmente, treinar, treinar muito. Como diz o ditado, só a prática faz a perfeição. Este curso tem por objetivo ajudá-lo a dar o primeiro passo: conhecer as técnicas. Daí pra frente é com você. "Você irá escrevendo, irá escrevendo, se aperfeiçoando, progredindo, progredindo aos poucos: um belo dia (se você aguentar o tranco) os outros percebem que existe um grande escritor. " Mário de Andrade

1.2 - Texto Escrito X Língua Falada
Por que falar é mais fácil do que escrever? Ao falar, nós temos uma infinidade de recursos para transmitir as nossas ideias. Podemos usar gestos com as mãos e com o corpo, expressões faciais e a própria entonação da voz. Entretanto, ao escrevermos um texto, as únicas ferramentas que dispomos são as próprias palavras e os sinais de pontuação, o que traz uma enorme limitação, que pode se tornar ainda maior se a pessoa não tem o costume de escrever e não usa algumas técnicas.

1.3 - Tipos de Redação
Existem 3 tipos principais de redação:
a) Narração
b) Descrição
c) Dissertação

1.4 - Narração
A Narração, ou texto narrativo, é a redação na qual são contados fatos reais ou fictícios. O texto narrativo possui dimensões espaciais e temporais, ou seja, os fatos narrados acontecem em um determinado espaço geográfico, ou seja, em algum lugar, e em uma determinada época, passada, presente ou futura. Outra característica marcante do texto narrativo é a presença de personagens.

1.5 - Descrição
A Descrição, ou texto descritivo, é a redação que dá informações detalhadas sobre determinado ser, objeto, lugar ou mesmo um sentimento. O objetivo desse texto é fazer com que o leitor consiga imaginar e recriar na própria mente a imagem do ser ou objeto descrito.

1.6 - Dissertação
A Dissertação, ou texto dissertativo, é a redação que tem por objetivo expressar uma opinião, um ponto de vista em relação a um determinado assunto. O objetivo desse texto é convencer, persuadir o leitor a concordar com sua tese. Para isso, são usados argumentos, que podem se apoiar em dados, fatos ou ideias.

1.7 - Características de uma boa redação
Existem várias técnicas para construir cada um dos tipos de redação. Essas técnicas serão analisadas em cursos específicos. Entretanto, há recomendações gerais que se aplicam a qualquer tipo de texto. As principais são a coerência e a coesão textual.

1.8 - Coerência
A coerência é a ligação de cada uma das partes do texto com o seu todo, de forma que não haja contradições. Uma redação que falha na sua coerência perde toda a sua credibilidade. Assim, é preciso ficar atento aos detalhes e sempre reler o texto para evitar a falta de concatenação das ideias e a inclusão de informações contraditórias, o que pode deixar a impressão de história mal contada.

1.9 - Coesão Textual
As técnicas ou mecanismos de coesão têm por objetivo dar consistência ao texto, interligando suas partes para que tenha uma unidade de sentido, evitando a repetição de palavras.
Existem basicamente dois mecanismos de coesão textual:

a) Coesão léxica: é obtida através de relações de sentido entre as palavras, ou seja, do emprego de sinônimos.

b) Coesão gramatical: é obtida a partir do emprego de artigos, pronomes, adjetivos, advérbios, conjunções e numerais.

Nas próximas páginas veremos alguns exemplos de mecanismos de coesão.

1.10 - Perífrase ou Antonomásia
A Perífrase ou Antonomásia é substituição de uma expressão curta e direta (nome do lugar, coisa ou pessoa) por outra mais extensa e carregada de maior ou menor simbolismo:

a) O Brasil sediará a copa do mundo de 2014. Há muitos anos o país do futebol esperava por esse dia.

1.11 - Nominalização
A Nominalização é o uso de um substantivo para retomar um verbo enunciado anteriormente:

a) Armando se casou no final de 2006. O casamento, entretanto, não durou muito.

1.12 - Expressões sinônimas
O uso de expressões sinônimas ou quase sinônimas pode ser de extrema utilidade quando se quer evitar a repetição de palavras:

a) Os carros produzidos no Brasil não têm tantas qualidades se comparados aos automóveis importados.

1.13 - Repetição vocabular
A repetição vocabular deve ser evitada ao máximo. Entretanto, algumas vezes repetir uma palavra é inevitável para garantir a coesão textual, principalmente se ela representar a ideia principal do período:

a) A fome vem se agravando nos países pobres. São vários os motivos desse problema, por isso a fome tem sido uma preocupação constante dos governantes mundiais.

1.14 - Termo Síntese
O Termo Síntese é uma palavra ou expressão que retoma os termos precedentes, fazendo uma espécie de resumo.

a) Há um vazamento de óleo no motor, os pneus estão carecas e os amortecedores não estão funcionando. Tudo isso faz com que o preço do carro seja mais baixo.

1.15 - Pronomes
Os pronomes podem ser usados para se referir a termos ou expressões usados anteriormente.

a) Cláudio gritou de dor. Ele nunca havia quebrado o pé. (Pronome pessoal reto)

b) Tenho jóias muito valiosas e guardo-as em local seguro. (Pronome pessoal oblíquo)

c) Este é o homem de que lhe falei. (Pronome relativo)

d) Tenho aqui uma caneta e um lápis. Dou este ao menino e aquela à garota. (Pronomes demonstrativos)

1.16 - Numerais
Em alguns casos, podemos usar numerais para retomar dados citados anteriormente:

a) Maria e Joana voltaram da praia. As duas estavam muito queimadas.

b) O Flamengo conseguiu duas vitórias: a primeira contra o Palmeiras e a segunda contra o Grêmio.

1.17 - Advérbios pronominais
Os chamados Advérbios Pronominais são expressões adverbiais que indicam uma localização no espaço e também podem ser usados para substituir nomes de lugares.

a) Estou em Belo Horizonte. Aqui faz um calor infernal.

b) Vou voltar para sua casa. ainda tem lugar para mim?

c) Carlos viajou para Goiânia. vai ficar por mais duas semanas.

1.18 - Elipse
A Elipse consiste na omissão de um termo ou expressão da frase. Para que essa figura de linguagem possa ser usada sem prejuízo de sentido, é preciso que o termo oculto possa ser facilmente depreendido pelas referências do contexto. Veja:

a) Jussara chegou cedo ao trabalho hoje. (Jussara) Já conseguiu resolver todas as pendências e ainda teve tempo para conversar com o chefe.

1.19 - Repetição de parte de nome próprio
Uma técnica muito utilizada em jornais consiste na repetição de apenas um dos nomes de uma pessoa, depois de ter sido citado por completo anteriormente:

a) Mário Ribeiro representa o papel de um engenheiro aposentado. Sempre que pode, Ribeiro procura Marta, sua ex-namorada.

1.20 - Metonímia
A Metonímia é uma figura de linguagem que consiste em substituir uma palavra por outra, fundamentada em uma relação de sentido, que pode ser de causa e efeito (trabalho, por obra), de continente e conteúdo (copo, por bebida), lugar e produto (porto, por vinho do Porto), matéria e objeto (bronze, por estatueta de bronze), abstrato e concreto (bandeira, por pátria), autor e obra (um Camões, por um livro de Camões), a parte pelo todo (asa, por avião), etc. Veja um exemplo:

a) O governo anulou a licitação para compra de laptops para alunos de escolas públicas. O Planalto não conseguiu chegar a um acordo de preço com os fabricantes.

1.21 - Outros aspectos importantes
Além de se preocupar com os aspectos de coerência e coesão textual descritos acima, é importante também seguir algumas dicas.

1.22 - Simplifique
Não tente escrever difícil. Mantenha a simplicidade, usando palavras conhecidas e as quais você tenha domínio sobre o significado. Fica mais fácil para você escrever e também para o leitor entender, e evita-se o risco de usar uma palavra mal colocada e alterar todo o sentido imaginado para a frase.

1.23 - Use Frases Curtas
O uso de frases curtas facilita o domínio do texto, evitando que você se perca no meio de um período longo. Ao usar períodos mais curtos, amarre as frases e organize bem as ideias. Não mude de assunto de uma hora pra outra. É importante manter a linha de argumentação.

1.24 - Seja Claro
Não deixe palavras ou ideias subentendidas. Muitas vezes, por ter todo o contexto do assunto na cabeça, o autor se esquece de detalhes importantes os quais o leitor não tem condições de saber. Para evitar que isso aconteça, verifique se o texto dá todas as informações e conceitos necessários ao perfeito entendimento das ideias expostas. Faça uma análise crítica e se coloque no lugar do leitor para saber se ele tem condições e conhecimento suficiente para entender seu texto por completo.

1.25 - Seja Objetivo
Nem sempre quem fala mais é mais bem compreendido. A quantidade de palavras não é fator determinante no entendimento do conteúdo do texto. Na verdade, a repetição de idéias e o uso excessivo de explicações pode confundir o leitor.Dessa forma, tente se expressar usando o mínimo possível de palavras.

1.26 - Leia e Releia
Depois de pronto, é fundamental reler o texto. Entretanto, muitas vezes, ao reler a redação logo depois de terminar de escrever, não achamos erros por estarmos ainda muito ligados ao texto. Assim, se puder, descanse por um ou dois minutos antes de fazer a releitura. Dê uma volta e beba um copo de água. Esse tempo de pausa e descanso é importante para que você se desligue um pouco e adquira uma postura mais imparcial frente ao texto. Na releitura, lembre-se de verificar a ortografia e conferir se não há trechos confusos, com períodos muito longos ou obscuros.

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