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segunda-feira, 23 de março de 2009

PRODUÇÃO TEXTUAL - DESCRIÇÃO

1 - Como fazer uma Descrição

1.1 - Características do Texto Descritivo
A Descrição, ou texto descritivo, é a redação que dá informações detalhadas sobre determinado ser, objeto, lugar ou mesmo um sentimento. O objetivo desse texto é fazer com que o leitor consiga imaginar e recriar na própria mente a imagem do ser ou objeto descrito. Num texto descritivo, não há uma relação de anterioridade ou posterioridade entre as frases. Dessa forma, sua ordem pode ser alterada sem mudança do sentido global do texto. Predominam os substantivos e adjetivos, e apesar de ser possível a existência de verbos de ação, prevalecem os verbos de estado (ser, estar...). Além disso, a relação entre os verbos não estabelecem uma progressão no tempo. Os verbos não se encadeiam, e por isso não representam uma realidade que está evoluindo. É que a descrição equivale a uma fotografia textual, que retrata um momento único, e não uma seqüência de acontecimentos.

1.2 - Tipos de Descrição
Observe uma cômoda. É possível descrevê-la de forma objetiva ou de forma subjetiva.

1.3 - Descrição Objetiva
Na descrição objetiva, busca-se a máxima aproximação do texto com a imagem do que se vê, de forma a recriar o objeto da forma mais clara e realística possível, usando, portanto, uma linguagem clara e direta, com palavras de sentido único, ou seja, a linguagem denotativa.

“A cômoda é antiga, mas muito bonita. É laminada em raiz de nogueira e tem formato arredondado. Possui três gavetas grandes com puxadores de bronze. O tampo é de um mármore escuro e brilhante.”

1.4 - Descrição Subjetiva:
Já a descrição subjetiva procura transfigurar a coisa observada, de forma pessoal, levando em conta sentimentos e emoções, e usando para isso um caráter simbólico através de metáforas e outras figuras retóricas. Usa, portanto, uma linguagem conotativa.

“Dona Cômoda tem três gavetas. E um ar confortável de senhora rica. Nas gavetas guarda coisas de outros tempos, só para si. Foi sempre assim, dona Cômoda: gorda, fechada, egoísta.” Mário Quintana em Sapo Amarelo

1.5 - Descrição X Definição
Uma das características marcantes da descrição é a retratação de alguma coisa a partir de um determinado ponto de vista. Na descrição prevalece a particularidade, ou seja, a coisa descrita é individualizada. É importante diferenciar a descrição da definição, que dá apenas uma explicação genérica, uma significação abstrata. Na definição não há ponto de vista, e o texto não representa uma retratação individualizada de um ser ou coisa em especial, mas de qualquer representante do mesmo gênero ou espécie.

“Cômoda: espécie de mesa, geralmente de madeira, com gavetas ou gavetões desde a base até a face superior.” Definição do Dicionário Aurélio

1.6 - Descrição Sensorial
Para enriquecer os textos descritivos, é interessante fazer o que chamamos de descrição sensorial, que nada mais é do que usar as palavras para provocar sensações.Esse recurso, também chamado de descrição sinestésica, tem o efeito de criar uma relação mais profunda com o leitor, já que além da visão, explora também os demais sentidos como a audição, paladar, olfato e tato.

1.7 - Sensações Visuais
O uso de sensações visuais é o mais comum, e normalmente se relacionam à cor, forma ou tamanho do objeto da descrição:
a) O telefone é vermelho, em forma de concha, e bem pequeno, pouco maior do que sua orelha.

1.8 - Sensações Auditivas
As sensações auditivas são aquelas relacionadas aos sons, ou à sua ausência, como silêncios, gritos e zumbidos:
a) O ronco dos motores era ensurdecedor naquela manhã de domingo...
b) É uma casa simples, isolada do mundo, cercada de silêncio por todos os lados.

1.9 - Sensações Gustativas
O uso de palavras relacionadas ao gosto ou paladar também é muito utilizado, tanto em descrições objetivas como subjetivas. Nas descrições objetivas, costumam gerar no leitor reações instantâneas de água na boca ou nojo.
a) "Hummm! Leite condensado, caramelizado, com flocos crocantes e coberto com o delicioso chocolate Nestlé."
b) A comida estava azeda... Parecia que já estava na geladeira a dias.
c) "Sinto o gosto azedo de uma vida doce e amarga no final" (Pato Fu - Agridoce).

1.10 - Sensações Olfativas
Assim como as sensações gustativas, as olfativas também são poderosas formas de fazer o leitor se sentir mais próximo da descrição:
a) Estava anoitecendo. Um cheirinho de chuva invadia nossos narizes.
b) Da pia exalava um odor fétido, semelhante ao cheiro de peixe podre.

1.11 - Sensações Táteis
Sensações táteis são aquelas que podem ser percebidas através de um contato ou da própria pele. São sensações térmicas como o frio ou calor, ou ainda relacionadas à superfície de objetos, que podem ser, por exemplo, lisas ou ásperas.
a) Sua mão estava áspera como uma lixa, e fria como o mármore.

1.12 - A Descrição de Pessoas
A descrição de pessoas, dependendo do objetivo do texto, pode levar em consideração aspectos físicos e/ou aspectos psicológicos. Aspectos físicos são aqueles que dizem respeito à descrição sensorial, ou seja, é a descrição daquilo que pode ser visto, ouvido, degustado, cheirado ou sentido. Assim, pode-se falar dos olhos castanhos, da voz rouca, dos lábios carnudos, do perfume, da pele lisa etc. Já em relação aos aspectos psicológicos, fala-se do caráter, do comportamento, do estado de espírito, ou seja, daquilo que não é notado simplesmente com os 5 sentidos, mas com a própria convivência.

1.13 - A Descrição de Lugares
Também os lugares podem ser descritos de diferentes formas. É possível ressaltar o espaço em seu aspecto físico, ou seja, o que pode ser notado pelos 5 sentidos, como a localização, as cores, cheiros, barulhos, temperatura etc. Por outro lado, pode-se descrever o ambiente, levando em conta aspectos mais abstratos, como as características sociais, morais, psicológicas etc.

1.14 - A Descrição de uma Cena
A descrição de uma cena, também chamada de descrição dinâmica ou animada, é muito semelhante à narração, pois normalmente inclui personagens e ações.
Entretanto, na descrição o foco principal do texto não são as ações, mas os detalhes daquilo que acontece. Veja um exemplo.
a) A velhinha caminhava lentamente, de forma cadenciada e firme. Não levantava a cabeça. Parecia estar distante de tudo e de todos que estavam ao seu lado.

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